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sábado, 21 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A Lenda da Torre dos Namorados


Conta-se que há muito tempo atrás, no local que hoje é conhecido como o centro da Torre dos Namorados existia uma cidade muito povoada, onde abundava a prosperidade e a felicidade.







A cidade era governada por um rei muito consciente dos seus deveres para com os súbditos.
Era dotado de um sentido de justiça apuradíssimo e revelava uma moral inabalável e incorrupta. Muito estimado pela população, para este governante, a palavra tinha um valor insubstituível e, dizia-se na altura, "antes preferia morrer que vergar".
Tinha o rei uma filha casadoira que fazia suspirar de paixão os mancebos da cidade com sua beleza sem igual.

Ousadia para pedir ao rei a mão da princesa faltava a quase todos os jovens apaixonados. O seu perfil de monarca rígido e moralista fazia adivinhar que não teria escrúpulos em mandar para a forca quem se atrevesse a cometer a mais pequena indelicadeza ou ousasse falar-lhe sequer na mão da real filha.
Tempos passaram e a beleza da princesa cada vez era maior.

Cabelos de ouro e face que parecia irradiar a luz do sol, caracterizavam a sua beleza única.






Certa tarde de Primavera, dois jovens mais ousados e bêbados de paixão dirigem-se corajosamente ao palácio real para falarem com sua majestade a fim de obterem consentimento para casarem com a jovem princesa.
O rei recebeu-os com dignidade respeitando os seus sentimentos de puro amor. Obviamente, a sua filha era única e apenas um podia ser o eleito.
Como monarca justo que era e, tendo a mesma consideração e estima pelo carácter e amor sincero dos seus dois jovens súbditos, falou-lhes nos seguintes termos:
«- Meus caros jovens: não tenho qualquer dúvida que qualquer um de vós ama perdidamente a princesa e poderá vir a ser um excelente marido para a minha filha e um melhor pai para os meus netos e sucessores.

Contudo a minha filha, a quem venero com todo o meu coração, é única e vós sois dois pretendentes.
Se der a sua mão a um de vós estarei a ser injusto.
Entretanto a cidade está a ficar com problemas de abastecimento de água à população que não pára de crescer.
Por outro lado, o palácio não tem uma torre sólida e funcional que nos possa por a salvo em caso de um ataque imprevisível dos nossos inimigos.
Eis as tarefas que vos proponho: um de vós deve iniciar a construção de um aqueduto suficientemente eficaz e sofisticado que resolva os problemas de abastecimento de água à cidade. O outro deve empenhar-se na construção de uma torre tão sólida e funcional que este reino nada venha a recear em caso de ataque e cerco pelos nossos inimigos.



Começai os trabalhos amanhã ao alvorecer.
O primeiro que acabe a tarefa que lhe destino terá a honra de casar com a minha filha. Agora ide e que ganhe o melhor!».
Posta a situação nestes termos, deram os jovens por bem empregue o tempo e a coragem de que dispuseram para se dirigir ao palácio real a pedir ao rei a mão da filha e, no dia seguinte, puseram mãos à obra.

Passaram-se meses.
As obras de um e outro empreendimento avançavam com rapidez e em breve se concluiriam.
No dia em que terminaram era grande a excitação, quer da corte, quer da população da cidade. Todos se dirigiram ao centro da cidade para verificarem qual dos dois mancebos iria desposar a jovem princesa.

Mas o dia, que nascera cinzento, pouco haveria de clarificar.
Exactamente ao mesmo tempo em que um jovem colocava a bica na fonte principal de abastecimento da cidade que a partir daí não mais pararia de jorrar, o outro acabava de colocar a última peça de ouro no pináculo de uma espectacular e sólida torre capaz de defender a cidade dos maiores ataques inimigos.
Continuava por apurar o noivo da bela princesa.

O rei estava estupefacto e a sua face ficou pálida de amargura.
Não poderia cumprir o prometido.
A população decidiu que os dois jovens deviam bater-se num duelo de espadas e o que ficasse sem se ferir casaria com a jovem. Assim fizeram, mas as espadas quebraram-se ficando os jovens sem uma única beliscadura.
Decididamente parecia que a princesa teria de permanecer solteira e o rei sem poder cumprir o prometido.

Facto grave e intolerável para o monarca.
É que ninguém como ele tomava à letra a sentença: "palavra de rei não volta atrás".
Foi então que, como um trovão, se ouviram as seguintes palavras doídas que saíram da boca do rei:

“- Torre feita, água à porta; filha de el-rei morta!”
A princesa logo percebeu que nunca seria rainha pois estava condenada à morte pela dureza da sentença de seu próprio pai, montou um cavalo e fugiu em direcção ao Sul.

De pouco lhe valeu. Rapidamente foi capturada pelos soldados do rei que aí mesmo, cumprindo ordens, a mataram.
O lugar onde teve lugar a matança da princesa ficou conhecido por isso mesmo:
Mata da Rainha.
Hoje é uma freguesia do concelho do Fundão.



©2007 '' Por Elke di Barros