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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A Fada teve Prémios

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Mais uma vez muito Obrigado amiga Mary pelos lindos Prémios recebidos.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Contos de Hans Christian Andersen

A Rapariguinha dos fósforos
Fazia um frio terrível.
Nevava, e a noite aproximava-se rapidamente. Era o último dia de Dezembro, véspera de Ano Novo.
Apesar do frio intenso e da escuridão, andava pelas ruas uma menina descalça e com a cabeça descoberta.


Ao sair de casa ainda trazia umas chinelas, mas que não lhe serviram de muito. Eram enormes, tão grandes que decerto pertenciam à mãe e a pobre menina tinha-as perdido ao atravessar a rua correndo, para fugir de duas carruagens que rolavam velozmente. Estava agora descalça e tinha os pés roxos de frio. Dentro de um velho avental tinha muitos fósforos e segurava um punhado deles.
Ninguém lhe comprara fósforos durante o dia e nem sequer lhe tinham dado uma esmola. Morta de frio e de fome, arrastava-se pelas ruas. A pobre criança era a imagem da miséria. Caíam-lhe flocos de neve sobre os cabelos louros muito compridos.
As janelas das casas estavam todas iluminadas. Pelas ruas, espalhava-se o cheiro reconfortante de gansos assados, pois era véspera de Ano Novo.
A menina acocorou-se no ângulo formado pelos muros de duas casas. Encolhera as pernas e sentara-se em cima delas, mas continuava a ter frio. Não ousava voltar para casa porque não vendera nem um fósforo e não tinha sequer uma moeda para entregar ao pai. Temia que este lhe desse uma sova. Além disso, em casa fazia quase tanto frio como na rua, porque tinham apenas o telhado para os cobrir. Apesar de terem tapado com palha e trapos todas as frestas, o vento gelado penetrava incessantemente.

Tinha as mãos quase geladas pelo frio. Ah! Talvez a chama de um fósforo a pudesse aquecer um pouco. Oh! Um fósforo, apenas um! Esfregou o fósforo na parede e protegeu com uma das mãos a chamazinha viva. Que brilho magnífico! Pareceu-lhe que a chama era uma braseira de cobre acesa, irradiando um calor reconfortante. A rapariguinha estendeu os pés para os aquecer mas, subitamente, o fósforo apagou-se, a maravilhosa braseira desapareceu e a criança ficou apenas com um fósforo meio consumido entre os dedos.
Pegou noutro e acendeu-o. O brilho era tal que tornava o muro de um dos prédios tão transparente como vidro. A criança viu então uma sumptuosa sala de jantar, no centro da qual estava posta uma mesa coberta com uma toalha tão branca como a neve. Sobre ela havia copos de cristal, pratas e finíssimas porcelanas, reflectindo milhares de luzes. Numa travessa estava um ganso recheado com ameixas secas e maçãs fumegantes. Um cheiro delicioso espalhava-se pelo ar. De súbito, o ganso, apesar do garfo e da faca que tinha espetados no dorso, saltou do prato e dirigiu-se, bamboleando-se, para junto dela.

De repente, o fósforo apagou-se e a menina via, agora, o espesso muro do prédio.
Riscou outro fósforo e viu-se sentada junto de uma árvore de Natal magnífica, ainda maior e mais bela do que a que vira no Natal anterior, através da porta de vidro da casa de um rico comerciante. Uma infinidade de bolas coloridas reflectia os milhares de velas que ardiam por entre a ramagem. Dos ramos mais baixos pendiam, em fios de prata, laranjas e frutas cristalizadas.
A menina estendeu os braços para tanta maravilha, mas o fósforo apagou-se e todas as velas da árvore subiram para o céu, transformando-se em estrelas.
Uma delas caiu, deixando um longo rasto luminoso. «Morreu alguém», pensou a criança.
A avó, a única pessoa que lhe dera afecto e que já tinha morrido, dissera-lhe um dia:
- Sempre que cai uma estrela, uma alma entra no Paraíso.
A menina riscou outro fósforo na parede. Viu, então, à luz da chama, o rosto meigo da avozinha.
- Avó, leva-me contigo. Sei que vais desaparecer, quando se extinguir o fósforo. Desaparecerás como a braseira, o ganso recheado e a grande árvore de Natal - disse a criança.


Pôs-se a acender todos os fósforos que restavam na caixa, para conservar junto de si a imagem da avozinha. Os fósforos davam uma chama tão clara que parecia dia. Nunca a avó fora tão bela e tão grande como naquela noite.
A bondosa senhora pegou na criança entre os braços e ambas se elevaram no espaço, envolvidas por uma luz extraordinária. Subiram alto, muito alto, até onde deixa de existir o frio, a fome e o medo.
E, quando chegou a madrugada, encontraram a criança estendida no chão, com as faces rosadas e um sorriso nos lábios. Estava morta. Tinha morrido de frio, na última noite daquele ano.
O Sol do dia do Ano Novo ergueu-se sobre o corpo frágil e abandonado na neve. O avental da criança continha ainda alguns fósforos, mas perto do corpo encontrava-se um pacote de caixas vazias. No entanto, ninguém podia supor as esplêndidas coisas que a menina tinha visto, nem sequer a emoção que sentira ao ser levada pela bondosa avozinha, no dia em que o novo ano principiava.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008


smileys


Reza a História que, quando Herodes perseguiu São José, Nossa Senhora e o Menino Jesus, eles fugiram para o Egipto.

No seu percurso, passaram pela Serra da Avoaça e N. Senhora quis descansar porque estava muito cansada.
Todos tinham sede mas não se via nenhuma nascente por perto. S. José, vendo uma pedra ao pé deles, virou-se para o burro e ordenou:
- Dá um coice na pedra!
O burro obedeceu mas a pedra não tugiu!
S. José ordenou novamente:
- Dá um coice na pedra!
O burro obedeceu e desta vez a pedra gemeu!
S. José ordenou pela terceira vez:
- Dá um coice na pedra!
O burro obedeceu e a pedra chorou!
E desta forma puderam os três matar a sede.
A partir daí, a nascente passou a chamar-se Fonte da Pedra e possui propriedades terapêuticas;

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nomeadamente, a água cura os cravos, isto é, as verrugas das mãos.
Ainda lá estão as três marcas na pedra:
A primeira está seca (não tugiu).
A segunda deita um fio de água (gemeu).
A terceira é a nascente (chorou).
Enquanto descansavam, Nossa Senhora resolveu estender a toalha sobre uma pedra para comerem algo, que a fome apertava.

Pois desde então nunca mais o musgo cresceu nessa pedra, como ainda hoje se pode comprovar!
Porém , chegou a hora de continuarem a viagem e arrumaram tudo.
Quando começaram a andar, Nossa Senhora prendeu o manto no mato que crescia na zona e rasgou-o.
Como castigo de tal atitude, decidiu que nunca o mato cresceria, seria sempre pequeno. E assim é, visto que ainda hoje se diz que o mato é como o da Fonte da Pedra, quando se pretende explicar que é de pequena estatura.
Tinha a Sagrada Família retomado a sua marcha, quando chegaram a um terreno onde várias pessoas semeavam a terra.

smilies


E pergunta S. José:
- Então que semeais aqui?
- Semeamos pão (leia-se centeio)!
- Pois voltai amanhã, que pão colhereis!!
E assim aconteceu: no dia seguinte, as pessoas voltaram e encontraram o terreno repleto de centeio maduro, pronto para a ceifa.
Mais à frente, Nossa Senhora e S. José encontraram outro grupo de pessoas que semeavam igualmente um terreno.
E, de igual forma, pergunta S. José:
-Então, que semeais vós aqui?
Sendo estas pessoas de má índole, responderam:
- Semeamos pedras!
- Pois voltai amanhã, que pedras colhereis!
E no dia seguinte, quando as pessoas tornaram ao terreno, encontraram-no cheio de pedregulhos.

smiley


Diz-se que foi na Pedriça de Unhais, onde ainda se podem ver as pedras.
Entretanto, o rei Herodes não se conformou com a fuga da Sagrada Família e mandou soldados no seu encalço.
Estes seguiram o mesmo percurso da Fonte da Pedra e chegaram ao local onde o primeiro grupo de homens ceifava o terreno de centeio.
Os soldados resolveram informar-se e perguntaram às pessoas:
- Viram passar um homem a conduzir um burro, onde ia uma mulher com um menino ao colo?
- Vimos, sim senhor! - responderam os ceifeiros.
- Passaram aqui quando estávamos a semear este terreno! Ao ouvir tal, exclamaram os soldados:
- Oh! Estavam a semear?!
Então já passaram há muito tempo!
Já não os vamos conseguir apanhar!
E voltaram para trás, desistindo da perseguição.

smilie

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Lenda encantada




No lugar das Quadrelas, na freguesia de Vilar de Amargo, há uma sepultura cavada num
penedo, onde jaz uma moura encantada.
Um dia, dois homens encaminhavam-se para esse
local, tratando a terra cultivada de cereal.
Pobres que eram, aproveitavam todos os sítios onde
o centeio se pudesse desenvolver. O mais novo disse ao pai que ia tentar cavar em volta da
alta rocha que ali se encontrava.

Cansado de batalhar contra o duro terreno, reparou numa estreita fenda que havia no penedo.
Curioso, cavou com mais afinco, para ver se descobria o que por ali estaria escondido.
Foi
grande a sua surpresa quando a enxada bateu numa superfície dura. Afastou a terra e viu uma
tampa.
Chamou o pai e ao levantarem-na encontraram uma panela cheia de moedas de ouro.
Espantados com tal descoberta, correram para casa, contando à mulher e à filha o sucedido,
escondendo a panela em local seguro, jurando guardar segredo da descoberta.
Alguns dias
depois o rapaz começou a sentir-se mal e caiu de cama.
Chamaram o médico, mas este não
foi capaz de descobrir qual o mal que afligia o moço.

Uma tarde, quando ele se encontrava sozinho em casa, apareceu-lhe uma velha, de cabelos
compridos e desgrenhados, ocultando-lhe completamente o rosto que, numa voz arrastada, lhe
disse que não procurasse mais riquezas junto ao penedo, pois a ousadia e cobiça podia sairlhe
cara.
Poucas noites depois, quando a família dormia a sono solto, o vulto da velha apareceu
repentinamente no quarto do pai e, dirigindo-se para a cama do casal, deu-lhe duas bofetadas.
O homem acordou estremunhado e perguntou à mulher qual a razão de lhe ter batido. Ela,
espantada, disse não saber do que estava a falar.
Ao outro dia de manhã, quando contaram o sucedido ao filho, este pôs-se a cismar no que a
velha lhe tinha dito, mas não contou nada aos pais. Tomando a refeição da manhã, pegaram
nas enxadas e dirigiram-se para as Quadrelas, a trabalhar o pouco terreno que ali possuíam.
Único sítio de onde tiravam sustento para a casa.
Andavam entretidos na faina de lavrar o terreno, quando do meio de umas pedras saltou uma
cobra que se enroscou na garganta do arado.
Refazendo-se do susto, preparavam-se para
afastar o réptil com um pau, quando repararam estupefactos que este tinha desaparecido.

Continuando a faina, o rapaz encontrou no meio de um rego um cordão com uma medalha de
ouro, mostrando-o de imediato ao pai.
Este, ao ver tão valiosa peça, disse que era para a filha.
Foi então que o rapaz ouviu a voz da velha, dizendo-lhe:
- Lembra-te do que te recomendei!
Não te atrevas a dar o cordão à tua irmã. Põem-no ao
pescoço da tua cadela e verás o que acontece.
O rapaz contou ao pai o que a misteriosa voz lhe tinha dito.
Deixando o trabalho, regressaram
a casa e seguiram o conselho da velha.
Chamando a cadela, puseram-lhe o cordão ao
pescoço e qual não foi o seu espanto ao verificarem que o pobre animal tinha desaparecido.
Atirando com o cordão para longe, compraram um terreno com o dinheiro que tinham achado
e abandonaram o local maldito, que apesar de lhes ter permitido melhorar de vida, tantas
preocupações lhes tinha dado.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008


O Lobisomem


A aldeia andava em alvoroço! Ao fim da tarde, quando as pessoas recolhiam ao lar, depois de
um cansativo dia de trabalho, notava-se nelas um olhar receoso, a acompanhar as sombras
que os corpos desenhavam no chão. O patinhar nervoso de um macho, no caminho
empedrado, fazia-os levantar a cabeça com apreensão.
Quando finalmente o sol desaparecia para lá da linha do horizonte, as pessoas entravam
apressadamente em casa, aferrolhavam as portas e mais ninguém se aventurava na rua. Sem
sombra de dúvidas, que alguma coisa de extraordinário se passava, para trazer a população
aterrada.
Quando a família se reunia à volta da lareira, aconchegando-se do frio e do vento que lá fora
se fazia sentir, o silêncio da noite escura era quebrado por um tropel furioso que batia
surdamente nas pedras da calçada. Apesar do calor da lenha que crepitava no lume, as
pessoas sentiam-se trespassar por um calafrio que as empurrava para a cama.
Não conseguiram dormir! Os olhos inquietos acompanhavam, na escuridão do pequeno quarto,
o som da furiosa cavalgada que se ouvia na rua. Por vezes o barulho cessava e o silêncio
parecia paralisar os corações assustados. Era assim, noites seguidas, até ao romper da
aurora, altura em que tudo sossegava de novo e a vida tornava à normalidade.
No campo, cada um ocupava-se do trabalho, receando falar com o vizinho sobre o ocorrido. A
desconfiança juntava-se ao medo. Quem sabe, se não seria o lobisomem que todas as noites
aterrorizava a aldeia? Todos os cuidados eram poucos!
A situação arrastava-se há longo tempo, até que um corajoso moço resolveu desvendar o
mistério que a todos preocupava. Uma noite, em lugar de entrar em casa, escondeu-se no
palheiro, deixando a porta ligeiramente aberta.
A noite estava fria. O vento uivava violentamente, levantando nuvens de poeira à sua
passagem. Um ténue luar espreitava temeroso por entre as nuvens. O moço aconchegou o
capote, procurando resguardar-se do frio que o ia tolhendo.
Nisto, um furioso galope atroou os ares e uma sombra negra surgiu no meio da calçada, que
chispava com o contacto violento das patas. A figura horrenda resvalava pelas valetas,
escoicinhando para todos os lados, abalando as ombreiras das portas. O rapaz, assustado, mal
tinha forças para se mexer, encostando-se à porta do palheiro para se aguentar nas pernas.
Quando a misteriosa personagem se aproximou um pouco mais, o jovem quase em pânico,
pôde ver, à luz do luar, que se tratava de uma figura grotesca, metade homem e metade
cavalo, ferrado de pés e mãos. Sentiu o sangue gelar-se-lhe nas veias, mas a sorte estava do
seu lado. Antes que tivesse feito qualquer gesto que denunciasse a presença, o monstro
seguira caminho e desaparecera.


Refeito do forte susto que apanhara, regressou cautelosamente a casa, olhando inquieto em
todas as direcções. Deitou-se, mas não conseguia dormir. Não lhe saía do pensamento a
imagem da horrível figura. Constantemente se interrogava sobre o que deveria fazer ao outro
dia: contar o que vira, ou calar-se?
Logo que na rua se começaram a sentir os passos de homens e animais que se dirigiam para a
faina do campo, levantou-se e foi a casa de um dos mais velhos homens da aldeia, tido como
pessoa sensata e sabedora. Sentado num pequeno banco de três pés, junto à lareira, olhando
fixamente para o chão, não se atrevia a olhar para o rosto do homem que ouvia atentamente a
narração dos factos acontecidos na noite anterior, receando a sua reacção perante tão
mirabolante história.
- Foi grande a tua coragem, meu rapaz! O que presencias-te, poucas pessoas viram e algumas
delas não escaparam à fúria do lobisomem . respondeu o velho, num tom de voz calmo e
prudente.
O jovem, animado pela seriedade do ancião, levantou o rosto e fixou-o atentamente. Uma bela
cabeleira branca, com algumas falhas no meio, emoldurava-lhe a cara, morena, queimada por
uma vida de trabalho de sol a sol. Dois olhos escuros, com um brilho vivo e de expressão
meiga, sobressaíam do meio da pele enrugada e curtida pelo vento.
- Esse encanto . continuou o ancião . só termina quando alguém conseguir espetar o aguilhão
de uma vara no corpo do monstro, fazendo-o sangrar bastante. Mas, para isso, é preciso muita
coragem.
- Deixe o caso comigo . respondeu o moço, depois de ter pensado um pouco no assunto. Eu
próprio me encarregarei desse trabalho, se aí está a solução para tão terrível problema.
- Já tinha reparado que és corajoso, mas toma cuidado! Se não o picares bem, corres grave
perigo de vida!...
Quando anoiteceu e depois de toda a população ter recolhido a casa e aferrolhado as portas,
como habitualmente, o rapaz disse aos pais que ia passar a noite no palheiro, para sossegar
os animais que andavam um pouco nervosos. Apesar de a noite estar clara, iluminada por uma
lua cheia que, de vez em quando era ofuscada por novelos de nuvens, a ventania era forte.



Embuçando-se no espesso e escuro capote, o corajoso rapaz saiu do palheiro, levando uma
comprida e forte vara, de grande aguilhão. Cautelosamente, procurou as sombras das casas e
dirigiu-se para o cruzeiro que ficava à beira do caminho.
Não teve de esperar muito tempo para ouvir o furioso tropel, anunciador da presença da terrível
criatura. Dentro das casas, as crianças aconchegavam-se junto dos homens. As mulheres
desfiavam as contas do rosário, balbuciando a meia voz uma série infinda de orações. O rapaz,
apesar do medo, apertou fortemente a vara.
De repente, a infernal figura surgiu no largo, aproximando-se do local onde o destemido moço
estava escondido. Apesar de toda a sua coragem, tremia e lembrava-se das últimas palavras
que o velho lhe dissera: .Toma cuidado, se o não picares bem, corres grave perigo de vida!.
Um calafrio percorreu-lhe o corpo, mas recobrando o ânimo, preparou a vara, resolvido a levar
a missão até ao fim. Esperou! O monstro avançava, passando perto do rapaz que não hesitou
em cravar-lhe bem fundo a aguilhada. Um urro tremendo ecoou pela noite silenciosa,
aterrorizando ainda mais a população assustada.
Como por encanto, a calma voltou e o vulto diabólico desapareceu, não deixando rasto de si. O
valente moço respirou fundo, apesar de tremer como varas verdes e o coração bater
descontroladamente. Esperou um pouco para se acalmar e certificar-se que o lobisomem tinha
desaparecido, não fosse armar-lhe alguma cilada.
Mais calmo, foi-se deitar, mas não conseguia dormir, pensando em tudo por que tinha passado.
Ao outro dia, logo de manhã, foi a casa do ancião e contou-lhe o sucedido.
A partir desse dia, o furioso tropel deixou de se ouvir na povoação. As pessoas, encorajadas,
começaram a fazer vida normal, perguntando umas às outras a que se deveriam tais
acontecimentos.
Um dia, em conversa com uns amigos, o rapaz contou a sua aventura. Não demorou muito
tempo que toda a aldeia soubesse do acontecido. Só que ninguém conseguia descobrir quem
fora o infeliz que, por partes do demónio, tinha o triste fado de se transformar em lobisomem e
ter que, todas as noites, percorrer sete aldeias, sete fontes e sete pontes.
Pouco tempo depois, um dos mais ricos lavradores da aldeia, que há já algum tempo deixara



de ser visto, apareceu a coxear fortemente. A população olhou intrigada para o homem. Se até
então, ele sempre fora uma pessoa sã e forte, que desastre lhe teria provocado aquela
deformação? Seria ele o lobisomem?
Uma tarde, quando o rapaz tinha regressado do campo e dava ração ao gado, entrou no
palheiro o lavrador aleijado. Olhando fixamente o jovem, baixou as calças e mostrando-lhe uma
feia e profunda ferida, que lhe afectava a nádega direita, perguntou:
- Que achas que merecia a pessoa que fez isto a um homem, deixando-o aleijado para o resto
da vida?
- Sem dúvida, que tal não merece perdão . respondeu o moço, não desconfiando do motivo de
tal conversa.
- Tens razão, e justiça será feita . disse o homem.
Metendo a mão ao bolso, tirou um longo e afiado punhal, aproximando-se calmamente do
atónito rapaz que, num gesto instintivo recuou uns passos. Porém a parede interrompeu-lhe o
movimento. A manjedoura de um lado, e os fardos de palha do outro impediram a fuga. Estava
encurralado. Que queria aquele homem? Sempre o conhecera como pessoa justa e bondosa e
não se lembrava de lhe ter feito mal algum.
- Não te assustes . continuou o lavrador. Sei que és um rapaz corajoso. Sou o sétimo filho
varão, e por isso sofri o condão de me transformar em lobisomem. A tua coragem livrou-me
desse horrível fado Antes aleijado, mas limpo de alma e coração. Este punhal era do meu avô.
Tem o cabo de ouro e cravejado de pedras preciosas. Por mais valioso que seja não paga o
favor que me fizeste. É teu. Merece-lo mais do que ninguém.
Depositado o punhal nas mãos do assombrado rapaz, o lavrador saiu a coxear. Um sorriso de
felicidade, que o moço não pôde ver por estar de costas, sobrepôs-se ao esgar de dor que
sentia ao dar cada passada.



quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A MENINA E O PÁSSARO ENCANTADO

Rubem Alves

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo.
Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado.
Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar.Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...Suas penas também eram diferentes.
Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.
"- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. MOV.com.br - Recados Animados para seu Orkut




Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça.
"... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga.
Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.E de novo começavam as estórias.A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre.
Mas chegava sempre uma hora de tristeza."- Tenho que ir", ele dizia."- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar...."."- Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "-- Eu também vou chorar.
Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade.
É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades.Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar.Assim ele partiu.
A menina sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada."- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre.
Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito.
E ficou à espera.Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar.Cansado da viagem, adormeceu.Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.
Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.
"- Ah! Menina... Que é que você fez?
Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias...

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".Sem a saudade, o amor irá embora...
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente.
Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste.
E veio o silêncio; deixou de cantar.
Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo...
Até que não mais agüentou.
Abriu a porta da gaiola.
"- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...".
"- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir.
É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito.
Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar...
E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia.
"- Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...
".E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos...
"- Nunca se sabe.
Pode ser que ele volte hoje...
Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro.
Porque em algum lugar ele deveria estar voando.
De algum lugar ele haveria de voltar.
AH! Mundo maravilhoso que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...
E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento.- Quem sabe ele voltará amanhã....
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.
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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

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Beijinhos para quem me visita.
Deixe um carinho
Manuela

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Recados Para Orkut - RecadosOnline.com


A literatura da Idade Média e os contos infantis maravilhosos, nos ensinam que as fadas são seres femininos dotados de poderes sobrenaturais. Fisicamente, aparecem sempre com traços de uma jovem dama de beleza excepcional, ricamente vestida com trajes cujas cores dominantes são o branco, o ouro, o azul e sobre tudo o verde. Sua varinha mágica com uma estrela na ponta é símbolo de seus poderes mágicos. Está ainda dotada de uma sedução a qual mortal nenhum pode resistir. As crianças a adoram como sua mãe; os jovens se apaixonam perdidamente por ela e lhe consagram corpo e alma.
A fada é o ideal feminino, símbolo do "anima", que encarna a virgem, a irmã, a esposa e a mãe. É a mulher por excelência, perfeita e inacessível. É também um agente da Providência, que distribuiu riqueza, fecundidade e felicidade, ajudando os heróis em perigo e servindo de inspiração para artistas e poetas. A fada, é ainda, uma fiandeira do destino, como as Parcas romanas e as Moiras gregas. São elas que tecem o fio da vida e assistem o nascimento das crianças humanas para presenteá-los com dons. São elas também, quem rompem esse fio e anunciam a morte dos seres humanos, antes de levá-los a seus palácios encantados, no País das Fadas.
Mas a fada, é por último, uma divindade da natureza, associada especialmente as árvores, aos bosques, as águas das fontes e das flores dos jardins. Aqui elas já aparecem com um aspecto não tão nobre e altivo das damas surgidas nas novelas da Idade Média e sim com a forma de uma pequena criatura, apenas vestida com telas translúcidas em tons pastel e dotada de asas de libélula.
Como podemos acompanhar, muito já se fantasiou a respeito das fadas, mas pergunta-se: mas quem são e como são realmente as fadas?
As fadas são uma raça de donzelas quase imortais, às quais os primitivos nativos da Itália davam o nome de "Fatae". O culto medieval siciliano das fadas, bem documentado pela Inquisição Espanhola, estava associado à Deusa Diana, que os italianos há muito tempo já chamavam de "A Rainha das Fadas". Diana era cultuada na Itália no Lago Nemi, onde outrora existira seu templo (500 a. C.).
As fadas italianas formavam grupos chamados de "Companhias" como a "Companhia dos Nobres" e a "Companhia dos Pobres". Tanto os homens quanto as fadas pertenciam a estas "Companhias", que eram essencialmente matriarcais, embora se encontrassem nelas elementos masculinos. Essas fadas, possuíam o poder de abençoar os campos, curar doenças e atrair a boa sorte. Somente através de preciosos presentes, podia-se aplacar a ira de uma fada e livrar-se de seus encantamentos. Tais oferendas só seriam aceitas se depositadas através das mãos de mulheres humanas.
Porém, o mais antigo registro das fadas, retratadas como pequenos seres alados, surgiram na arte etrusca à cerca de 600 a. C., na forma de "Lasa", espíritos do campo e das floresta. As Lasa eram descritas como pequenos seres humanos alados que flutuavam sobre um recipiente com incenso ou sobre uma bacia votiva. Estas primeiras fadas, estavam também associadas ao culto dos ancestrais e eram encontradas nos templos etruscos. Estavam ainda, identificadas com a vegetação e com todos os segredos da Natureza.

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A palavra "fairy" (inglesa), conhecida hoje é bem recente e foi usada, as vezes, para denominar mulheres mortais que haviam adquirido poderes mágicos, tal como a usou Malory para Morgan le Fay. Mas "fairy" originalmente significava "fai-erie", um estado de encantamento e se transferiu do objeto ao agente. Se dizia que as próprias fadas desaprovavam essa palavra e gostavam de ser chamadas com termos eufemísticos como: "Os Bons Vizinhos" ou "Boa Gente". Ao longo das Ilhas Britânicas se utilizam muitos nomes para as fadas.
A palavra francesa "fai", procedia originalmente do italiano "fatae", as damas feéricas que visitavam as famílias quando havia um nascimento e se pronunciavam sobre o futuro da nova criatura, tal como faziam as Parcas.
As imagens das fadas só vieram a surgir na arte celta após a ascensão do cristianismo, ou seja, depois da ocupação romana.
Hoje, acredita-se que o povo de Tuatha de Danann está associado ao Reino das Fadas. Isto se deve a sua misteriosa aparição às Ilhas Britânicas envoltos em brumas. Lá encontraram o povo Fir Bolg, os quais derrotaram na batalha de Moytura. Posteriormente, quando os celtas invadiram a Grã-Bretanha (600-500 a.C.), os Tuatha De Danann desapareceram nos montes e bosques. Esta é a origem da crença de que as fadas habitam as áreas rurais. As lendas dos mitos celtas foram preservados em textos como "Mabinogion", o "Livro Branco de Rhyderch" (1300-1325) e o "Livro Vermelho de Hergest" (1375-1425).
Todas as culturas européias, entretanto, possuem folclore envolvendo fadas. E, apesar das crenças sobre as fadas diferirem de uma cultura para outra, há dois conceitos básicos universais a todos: a distorção do próprio tempo e as entradas ocultas ao mundo das fadas.
DISTORÇÃO DO TEMPO E ENTRADAS SECRETAS

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A crença na distorção do tempo é comum às fadas de todas as regiões. Uma noite em seus domínios equivaleria a vários anos no tempo dos mortais. Há relatos de histórias de pessoas que ao posicionar-se em um anel de fadas, acreditam ter ali permanecido observando o Baile das Fadas por breves minutos, mas em nosso mundo só reaparecem após muitos anos.
Entradas secretas protegem o acesso aos domínios das fadas e geralmente estão localizadas em montes ou tronco de árvores. Acredita-se que as fadas possuem uma enorme repulsa ao ferro e este metal deve ser usado como proteção contra elas quando necessário. Alguns folcloristas crêem que esta lenda deu origem a utilização do ferro para arar a terra e derrubar árvores, representando o poder do homem em violentar a Natureza. Diz, esta lenda ainda, que deve-se sempre deixar um pedaço de ferro na porta de entrada do domínio das fadas, para evitar que ela feche. As fadas não tocariam no ferro, e assim não poderiam impedir que a pessoa regressasse quando quisesse.

Há, entretanto, métodos de resgate de cativos de fadas. Se alguém que você conhece desapareceu em um anel de fada, você deve retornar a este lugar um ano e um dia mais tarde. Coloque somente um pé dentro do anel e poderá ver as fadas bailarinas e a pessoa que pretende resgatar. Com ambos os braços, agarre-a fortemente e puxe com força para fora do anel.
Todo aquele que deseja imensamente encontrar-se com as fadas, é necessário primeiro, aprender o máximo possível sobre elas, pois todo o cuidado é pouco quando se pisa em território totalmente desconhecido.

Alerta-se para nunca se colocar ambos os pés em um anel de fadas, pois poderá ficar perdida no Mundo das Fadas. Um anel de fadas é um círculo redondo de cogumelos que pode ser encontrado em campos abertos e até em jardins e é o lugar onde as fadas dançam. Quem pisar dentro dele será capaz de ver o "Baile das Fadas", antes invisível e poderá também ouvir a doce e bela música, onde antes só havia silêncio. A música e a dança são tão contagiantes que os que a presenciam podem perder totalmente a noção do tempo.
Nunca coma da comida das fadas, não importa o quanto cortesmente lhe forem oferecidas. Quem a comer, pode ficar indefinidamente cativo em seu Mundo.
AS FADAS ESCURAS

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As fadas são chamadas de "Escuras" por viverem no subterrâneo, mais freqüentemente debaixo colinas e não por serem más. Elas também podem habitar lugares escuros das nossas casas como vãos de escadas e porões.
No lugar de temer estas fadas, devemos ser espertos e procurar sermos seus amigos. As que vivem dentro de nossas casas irão nos proteger e abençoar. As que moram fora, no pátio por exemplo (e elas estão em toda a parte!), cuidarão de nossa propriedade e ajudarão fazendo com que nossas plantas e árvores cresçam fortes, permitindo ainda, que encontremos alguma pedra ou tesouro que nos auxilie nos trabalhos de magia.
O Povo Pequeno serve de barômetro para aferir o estado de vibrações de sua casa. Se estiver atraindo ou enviando energias negativas, eles ficam quietos e se afastam. Eles também, atraem a sua atenção para o problema se você não o notar imediatamente.
ALIMENTO PARA AS FADAS
Todas as fadas adoram gengibre, mel, leite, bolos, balas, biscoitos e sucos. Para atraí-las coloque a guloseima sobre uma pedra de pirita, prata, cristal, quartzo ou lunária. Apreciam também essências fortes como canela e pinho. Mas você deve dar de comer a elas sempre realizando um trato. Antes de conceder-lhes o alimento, diga:

"O QUE É MEU É SEU,
O QUE É SEU É MEU."
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Peça então para que elas tornem sua casa um lugar alegre e diga que sempre serão bem-vindas.

As fadas amam jardins bem cuidados e você pode transformar o seu em um altar para elas. Plante nele muitas flores azuis, lírio-do-vale, dedaleira, gesta e rosas. Crie também um pequeno lago escavando a terra e colocando pedras em sua borda, para atrair as fadas da água. Mas há também fadas que gostam de lugares selvagens, portanto deixe uma pequena parcela da área sem cultivo. Suas oferendas serão muito bem aceitas quando colocadas em uma cesta e depositadas neste jardim.
Se chamá-las para participar de um ritual, mantenha-o leve e alegre. Elas gostam de muita música e dança.

BANHO DE PÉTALAS DE ROSAS

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A essência de rosas é um forte atrativo de fadas, um banho com rosas lhe irá facilitar o contato com elas. Para a preparação do banho coloque 21 pétalas de rosa cor-de-rosa em uma chaleira de cobre contendo água e uma tampa. Depois deve aguardar o espaçamento de uma Lua Cheia à outra Lua Cheia, só então poderá usar o seu conteúdo para banhar o corpo e os cabelos. Tome este banho antes de cada ritual mágico dedicado às Fadas.
ENTRANDO EM CONTATO COM AS FADAS
Está na Natureza a essência de todas as crenças e religiões. O primeiro passo para vivenciarmos o "Divino" está em observarmos a Natureza e nos unirmos à beleza de sua Criação. A simples caminhada em parques que possuam muito verde, já nos dará sábios ensinamentos. Se tiver oportunidade, sente-se no topo de uma colina e contemple os campos e bosques. Deixe então sua mente voar livre para um outro tempo, imaginando como deveria ter sido este local há milhões de anos atrás. Tais pensamentos farão despertar sua memória ancestral genética que lhe foi transmitida e que agora está disponível e reverente. Lembre-se que você é descendente direto de um antigo pagão que já sabia o que deseja saber agora.
Se você possui um lindo jardim, considere-se uma pessoa com muita sorte, pois poderá realizar esta viagem astral no meio dele. Caso você more em apartamento, um planta qualquer que dê flores, poderá lhe ajudar a se conectar com os ciclos da vida da Natureza. O pequeno ato de cuidar de uma plantinha ou de seu jardim já é capaz de gerar uma vibração em sua aura que pode ser detectada pelas formas de vidas silvestres. Através desta vibração, sua presença é percebida e as fadas por certo não ficarão indiferentes, pois elas são entidades mágicas envolvidas com a força vital das plantas e dos animais. Ao criar um elo mental com esse conceito através da emersão nos ciclos vitais da Natureza (e de suas caminhadas pelos parques), fica mais fácil alinhar-se com os espíritos da Natureza.
Acreditar nas fadas e nos espíritos da Natureza é parte integrante da consciência mágica de todo o pagão. Isso fortalece as forças que mantêm e direcionam a sincronicidade em nossas vidas.
Não somos viajantes sós, pois sempre temos ao nosso lado um guia espiritual, ou espíritos de familiares e um grande número de espíritos da Natureza. Através deles nos ligamos à própria fonte dos mistérios, nos ligamos a outros Mundos e outros Seres. Nos ligamos à Fonte Primordial, que é aquela que nos gerou e para a qual um dia retornaremos.

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Texto pesquisado e desenvolvido por
Rosane Volpatt

terça-feira, 24 de junho de 2008

A Fada teve um Prémio




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Obrigado amiga Elisabete.
Um beijinho
Manuela

terça-feira, 17 de junho de 2008

A Menina do Mar


Conto A menina do Mar
Sophia de Mello Breyner Andresen
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Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar. Tinha uma porta, sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores brancas, amarelas e roxas.
Nessa casa morava um rapazito que passava os dias a brincar na praia. Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos. Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com barulho de palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de limo, de búzios, de anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos, grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e macias, polidas pelas ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes passava um peixe, mas tão rápido que mal se via. Dizia-se «Vai ali um peixe» e já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar, majestosamente, abrindo e fechando o seu manto roxo. E os caranguejos corriam por todos os lados com uma cara furiosa e um ar muito apressado.
O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o cheiro da maresia, a frescura transparente das águas. E por isso tinha imensa pena de não ser um peixe para poder ir até ao fundo do mar sem se afogar. E tinha inveja das algas que baloiçavam ao sabor das correntes com um ar tão leve e feliz.
Em Setembro veio o equinócio. Vieram marés vivas, ventanias, nevoeiros, chuvas, temporais. As marés altas varriam a praia e subiam até à duna. Certa noite, as ondas gritaram tanto, uivaram tanto, bateram e quebraram-se com tanta força na praia, que, no seu quarto caiado da casa branca, o rapazinho esteve até altas horas sem dormir. As portadas das janelas batiam. As madeiras do chão estalavam como madeiras de mastros. Parecia que as ondas iam cercar a casa e que o mar ia devorar o Mundo. E o rapazito pensava que, lá fora, na escuridão da noite, se travava uma imensa batalha em que o mar, o céu e o vento se combatiam. Mas por fim, cansado de escutar, adormeceu embalado pelo temporal.
De manhã quando acordou estava tudo calmo. A batalha tinha acabado. Já não se ouviam os gemidos do vento, nem gritos do mar, mas só um doce murmúrio de ondas pequeninas. E o rapazinho saltou da cama, foi à janela e viu uma manhã linda de sol brilhante, céu azul e mar azul. Estava maré vaza. Pôs o fato de banho e foi para a praia a correr. Tudo estava tão claro e sossegado que ele pensou que o temporal da véspera tinha sido um sonho.
Mas não tinha sido um sonho. A praia estava coberta de espumas deixadas pelas ondas da tempestade. Eram fileiras e fileiras de espiava que tremiam à menor aragem. Pareciam castelos fantásticos, brancos mas cheios de reflexos de mil cores. O rapaz quis tocar-lhes, mas mal punha neles as suas mãos os castelos trémulos desfaziam-se.
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Então foi brincar para as rochas. Começou por seguir um fio de água muito claro entre dois grandes rochedos escuros, cobertos de búzios. O rio ia dar a uma grande poça de água onde o rapazinho tomou banho e nadou muito tempo. Depois do banho continuou o seu caminho através das rochas. Ia andando para o sul da praia que era um deserto para onde nunca ninguém ia. A maré estava muito baixa e a manhã estava linda. As algas pareciam mais verdes do que nunca e o mar tinha reflexos lilases. O rapazinho sentia-se tão feliz que às vezes punha-se a dançar em cima dos rochedos. De vez em quando encontrava uma poça boa e tomava outro banho Quando ia já no décimo banho, lembrou-se que deviam ser horas de voltar para casa. Saiu da água e deitou-se numa rocha a apanhar sol.
«Tenho que ir para casa», pensava ele, mas não lhe apetecia nada ir-se embora. E, enquanto assim estava deitado, com a cara encostada às algas, aconteceu de repente uma coisa extraordinária: ouviu uma gargalhada muito esquisita, parecia um pouco uma gargalhada de ópera dada por uma voz de «baixo»: depois ouviu uma segunda gargalhada ainda mais esquisita, uma gargalhada pequenina, seca que parecia uma tosse: em seguida uma terceira gargalhada, que era como se alguém dentro de água fizesse «glu, glu». Mas o mais extraordinário de tudo foi a quarta gargalhada: era como uma gargalhada humana, mas muito mais pequenina, muito mais fina e muito mais clara. Ele nunca tinha ouvido uma voz tão clara: era como se a água ou o vidro se rissem.
Com muito cuidado para não fazer barulho levantou-se e pôs-se a espreitar escondido entre duas pedras. E viu um grande polvo a rir, um caranguejo a rir, um peixe a rir e uma menina muito pequenina a rir também. A menina, que devia medir um palmo de altura, tinha cabelos verdes, olhos roxos e um vestido feito de algas encarnadas. E estavam os quatro numa poça de água muito limpa e transparente toda rodeada de anémonas. E nadavam e riam.
- Oh! Oh! Oh! - ria o polvo.- Que! Que! Que! - ria o caranguejo. - Glu! Glu! Glu! - ria o peixe.Ah! Ah! Ah! - ria a menina.
Depois pararam de rir e a menina disse:-Agora quero dançar.
Então, num instante, o polvo, o caranguejo e o peixe transformaram-se numa orquestra.
O peixe, com as suas barbatanas, batia palmas na água.
O caranguejo subiu para uma rocha e com as suas tenazes começou a tocar castanholas.
O polvo trepou para cima dos rochedos e esticando muito sete dos seus oito braços prendeu-os pelas pontas com as suas ventosas na pedra e, com o braço que tinha ficado livre, começou a tocar guitarra nos seus sete braços. Depois pôs-se a cantar.
Então a menina saiu da água, subiu para uma rocha e principiou a dançar. E a água junto dos seus pés ia e vinha e bailava também.
Escondido, atrás do rochedo, o rapaz, imóvel e, calado, olhava.
Quando a cantiga e a dança acabaram, o polvo pegou na menina e com os seus oito braços muito escuros pôs-se a embalá-la.
- Vem aí a maré alta, são horas de nos irmos embora - disse o caranguejo.
- Vamos - disse o polvo.
Chamaram o peixe e puseram-se os quatro a caminho. O peixe ia à frente a nadar com a menina ao lado, depois vinha o polvo e no fim o caranguejo, sempre com um ar muito desconfiado e furioso.
Foram indo por entre as areias e as rochas, até que chegaram a uma gruta para onde entraram os quatro. O rapaz quis ir atrás deles, mas a entrada da gruta era muito pequena e ele não cabia. E como a maré estava a subir, teve que se ir embora, pois se ali ficasse morria afogado.
Foi para casa muito espantado com o que tinha visto e durante esse dia não pensou noutra coisa. Na manhã seguinte mal acordou foi a correr para a praia. Foi pelo caminho da véspera, tornou a esconder-se atrás das duas pedras, espreitou e ouviu as mesmas gargalhadas da véspera. A menina, o caranguejo, o polvo e o peixe estavam a fazer uma roda dentro de água. Estavam divertidíssimos.
O rapaz, louco de curiosidade, não conseguiu ficar quieto mais tempo. Deu um salto e agarrou a menina.
Ai, ai, ai! Que desgraça! Gritava ela.
O polvo, o caranguejo e o peixe tinham desaparecido, aterrorizados, num abrir e fechar de olhos.
Ó polvo, ó caranguejo, ó peixe, acudam-me, salvem-me – gritava a Menina do mar.
Então o polvo, o caranguejo e o peixe, apesar de estarem cheios de medo, saíram detrás das algas onde se tinham escondido, e começaram a tentar salvar a Menina. Faziam o que podiam: o polvo trepava pelas pernas do rapaz, o caranguejo com as suas tenazes belisca-lhe os pés, o peixe mordia-lhe nas canelas. Mas o rapaz era maior e tinha mais força, deu-lhes alguns pontapés e fugiu para longe com a Menina do mar que continuava a chamar:
- Ó polvo, ó caranguejo, ó peixe!- Não grites, não chores, não te assustes – dizia o rapaz. Eu não te faço mal nenhum.
-Eu sei que me vais fazer mal.
-Que mal é que eu hei-de fazer a uma menina tão pequenina e tão bonita?
- Vais-me fritar - disse a Menina do mar. E pôs-se outra vez a chorar e a gritar: - Ó polvo, ó caranguejo, ó peixe!
- Eu fritar-te! Para quê? Que ideia tão esquisita! - disse o rapaz espantadíssimo.
Os peixes dizem que os homens fritam tudo quanto apanham.
O rapaz pôs-se a rir e disse:
- Isso são os pescadores. Os pescadores é que apanham os peixes para os fritar. Mas eu não sou pescador e tu não és um peixe. Não te quero fritar nem te quero fazer mal nenhum. Só te quero ver bem, porque nunca na minha vida vi uma menina tão pequena e tão bonita. E quero que me contes quem tu és, como é que vives, o que é que fazes aqui no mar e como é que te chamas.
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Então ela parou de gritar, limpou as lágrimas, penteou e alisou os cabelos com os dedos das mãos a fazerem de pente, e disse:
- Vamos sentar-nos os dois naquele rochedo e eu conto-te tudo.
- Prometes que não foges?
- Prometo.
Sentaram-se os dois um em frente do outro e a menina contou:
- Eu sou uma menina do mar. Chamo-me Menina do Mar e não tenho outro nome. Não sei onde nasci. Um dia uma gaivota trouxe-me no bico para esta praia. Pôs-me numa rocha na maré vazia e o polvo, o caranguejo e o peixe tomaram conta de mim. Vivemos os quatro numa gruta muito bonita. O polvo arruma a casa, alisa a areia, vai buscar a comida. É de nós todos o que trabalha mais, porque tem muitos braços. O caranguejo é o cozinheiro. Faz caldo verde com limos, sorvetes de espuma, e salada de algas, sopa de tartaruga, caviar e muitas outras receitas. É um grande cozinheiro. Quando a comida está pronta o polvo põe a mesa. A toalha é uma alga branca e os pratos são conchas. Depois, à noite, o polvo faz a minha cama com algas muito verdes e muito macias. Mas o costureira dos meus vestidos é o caranguejo. E é também o meu ourives: ele é que faz os meus colares de búzios, de corais e de pérolas. O peixe não faz nada porque não tem mãos, nem braços com ventosas como o polvo, nem braços com tenazes como o caranguejo. Só tem barbatanas e as barbatanas servem só para nadar. Mas é o meu melhor amigo. Como não tem braços nunca me põe de castigo. É com ele que eu brinco. Quando a maré está vazia brincamos nas rochas, quando está maré alta damos passeios no fundo do mar. Tu nunca foste ao fundo do mar e não sabes como lá tudo é bonito. Há florestas de algas, jardins de anémonas, prados de conchas. Há cavalos marinhos suspensos água com um ar espantado, como pontos de interrogação. Há flores que parecem animais e animais que parecem flores. Há grutas misteriosas, azuis-escuras, roxas, verdes e há planícies sem fim de areia branca, lisa. Tu és da terra e se fosses ao fundo do mar morrias afogado. Mas eu sou uma menina do mar. Posso respirar dentro da água como os peixes e posso respirar fora da água como os homens. E posso passear pelo mar todo e fazer tudo quanto eu quero e ninguém me faz mal porque eu sou a bailarina da Grande Raia. E a Grande Raia é a dona destes mares. É enorme, tão grande que é capaz de engolir um barco com dez homens dentro. Tem cara de má e come homens e peixes e está sempre com fome. A mim não me come porque diz que eu sou pequena de mais e não sirvo para comer, só sirvo para dançar. E a Raia gosta muito de me ver dançar. Quando ela dá uma festa convida os tubarões e as baleias e sentam-se todos no fundo do mar e eu danço em frente deles até de madrugada. E quando a Raia está triste ou mal disposta eu também tenho que dançar para a distrair. Por isso sou a bailarina do mar e faço tudo quanto eu quero e todos gostam de mim. Mas eu não gosto nada da Raia e tenho medo dela. Ela detesta os homens e também não gosta dos peixes. Até as baleias têm medo dela. Mas eu posso andar à vontade no mar e ninguém me come e ninguém me faz mal porque eu sou a bailarina da Raia. E agora que já contei a minha história leva-me outra vez para o pé dos meus amigos que devem estar aflitíssimos.
O rapaz pegou na Menina do Mar com muito cuidado na palma da mão e levou-a outra vez para o sítio de onde a tinha trazido. O polvo, o caranguejo e o peixe lá estavam os três a chorar abraçados.
- Estou aqui - gritou a Menina do Mar.
O polvo, o caranguejo e o peixe, mal a viram, pararam de chorar e atiraram-se os três como cães aos pés do rapaz e começaram outra vez a mordê-lo e a picá-lo. O polvo com os seus oito braços chicoteava-lhe as pernas.
- Estejam quietos, parem, não lhe façam mal, ele é meu amigo e não me vai fritar - gritou-lhes a Menina do Mar. O polvo, o caranguejo e o peixe interromperam a pancadaria, espantadíssimos com estas palavras. O rapaz baixou-se e pôs a menina na água ao pé dos seus três amigos, que davam saltos de alegria e muitas gargalhadas. Pediu à Menina do Mar, ao polvo, ao caranguejo e ao peixe para voltarem no dia seguinte à mesma hora àquele mesmo sítio.
- Tenho tanta curiosidade da Terra – disse a Menina, - amanhã, quando vieres, traz-me uma coisa da terra.
E assim ficou combinado.
No dia seguinte, logo de manhã. o rapaz foi ao seu jardim e colheu uma rosa encarnada muito perfumada. Foi para a praia e procurou o lugar da véspera.
-Bom-dia, bom-dia, bom-dia - disseram a Menina, o polvo, o caranguejo e o peixe.
-Bom-dia - disse o rapaz. E ajoelhou-se na água, em frente da Menina do Mar.
- Trago-te aqui uma flor da terra - disse; chama-se uma rosa.
E linda, é linda - disse a Menina do Mar, dando palmas de alegria e correndo e saltando em roda da rosa.
- Respira o seu cheiro para veres como é perfumada.
A Menina pôs a sua cabeça dentro do cálice da rosa e respirou longamente.
Depois levantou a cabeça e disse suspirando:
- É um perfume maravilhoso. No mar não há nenhum perfume assim. Mas estou tonta e um bocadinho triste. As coisas da terra são esquisitas. São diferentes das coisas do mar. No mar há monstros e perigos, mas as coisas bonitas são alegres. Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.
- Isso é por causa da saudade - disse o rapaz.
- Mas o que é a saudade? - perguntou a Menina do Mar.
- A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.
- Ai! - suspirou a Menina do Mar olhando para a Terra. Por que é que me mostraste a rosa? Agora estou com vontade de chorar.
O rapaz atirou fora a rosa e disse:
- Esquece-te da rosa e vamos brincar.
E foram os cinco, o rapaz, a Menina., o polvo, o caranguejo e o peixe pelos carreirinhos de água, rindo e brincando durante a manhã toda.
Até que a maré começou a subir e o rapaz teve que se ir embora.
No dia seguinte, de manhã, tornaram a encontrar-se todos no sítio do costume.
- Bom-dia - disse a Menina. - O que é que me trouxeste hoje?
O rapaz pegou na Menina do Mar, sentou-a numa rocha e ajoelhou-se a seu lado.
- Trouxe-te isto - disse. - E uma caixa de fósforos.
- Não é muito bonito - disse a Menina.
- Não; mas tem lá dentro uma coisa maravilhosa, linda e alegre que se chama o fogo. Vais ver.
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E o rapaz abriu a caixa e acendeu um fósforo.
A Menina deu palmas de alegria e pediu para tocar no fogo.- Isso -- disse o rapaz - é impossível. O fogo é alegre mas queima.
- É um sol pequenino - disse a Menina do Mar.
- Sim - disse o rapaz - mas não se lhe pode tocar.
E o rapaz soprou o fósforo e o fogo apagou-se.
- Tu és bruxo - disse a Menina - sopras e as coisas desaparecem.
- Não sou bruxo. O fogo é assim. Enquanto é pequeno qualquer sopro o apaga. Mas depois de crescido pode devorar florestas e cidades.
- Então o fogo e pior do que a Raia? - perguntou - a Menina.
- É conforme. Enquanto o fogo é pequeno e tem juízo é o maior amigo do homem: aquece-o no Inverno, cozinha-lhe a comida, alumia-o durante. a noite. Mas quando o fogo cresce de mais, zanga-se, enlouquece e fica mais ávido, mais cruel e mais perigoso do que todos os animais ferozes.
- As coisas da terra são esquisitas e diferentes - disse a Menina do Mar. Conta-me mais coisas da terra.
Então sentaram-se os dois dentro de água e o rapaz contou-lhe como era a sua casa e o seu jardim e como eram as cidades e os campos, as florestas e as estradas.
- Ah! como eu gostava de ver isso tudo - disse a Menina cheia de curiosidade.
- Vem comigo - disse o rapaz - eu levo-te à terra e mostro-te coisas lindas.
- Não posso porque sou uma Menina do Mar. O mar é a minha terra. Tu se vieres para o mar afogas-te. E eu se for para a terra seco. Não posso estar muito tempo fora de água. Fora de água fico como as algas na maré vaza, que ficam todas enrugados e secas. Se eu saísse do mar, ao fim de algumas horas ficava igual a um farrapo de roupa velha ou a um papel de jornal, destes que às vezes há nas praias e que têm um ar tão triste e infeliz de coisa que já não serve e que foi deitada fora e que já ninguém quer.
- Que pena que eu tenho de não te poder mostrar a terra! – disse o rapaz.
- E eu que pena tenho de não te poder levar comigo ao fundo do mar para te mostrar as florestas de algas, as grutas de corais e os jardins de anémonas!
E nessa manhã o rapaz e a Menina, enquanto nadavam na água, iam contando um ao outro as histórias do mar e as histórias da terra.
Até que a maré subiu e despediram-se.
No dia seguinte o rapaz chegou à praia, sentou-se ao lado da Menina do Mar e disse:
- Hoje trago-te uma coisa da terra que é bonita e tem lá dentro alegria. Chama-se vinho. Quem bebe fica cheio de alegria.
Enquanto dizia isto o rapaz pousou na ar um copo cheio de vinho. Era um daqueles copos muito pequenos que servem para beber licores. A Menina do Mar segurou o copo com as duas mãos e olhou o vinho cheia de curiosidade, respirando o seu perfume.
- É muito encarnado e muito perfumado - disse ela. - Conta-me o que é o vinho.
- Na terra -- respondeu o rapaz - há uma planta que se chama videira. No Inverno parece morta e seca. Mas na Primavera enche-se de folhas e no Verão enche-se de frutos que se chamam uvas e que crescem em cachos. E no Outono os homens colhem os cachos de uvas e põem-nos em grandes tanques de pedra onde os pisam até que o seu sumo escorra. E a esse sumo dos frutos da videira que chamamos o vinho. Esta é a história do vinho, mas o seu sabor não o sei contar. Bebe se queres saber como é.
E a Menina bebeu o vinho, riu-se e disse:
- É bom e é alegre. Agora já sei o que é a terra. Agora já sei o que é o sabor da Primavera, do Verão e do Outono. Já sei o que é o sabor dos frutos. Já sei o que é a frescura das árvores. Já sei como é o calor duma montanha ao sol. Leva-me a ver a terra. Eu quero ir ver a terra. Há tantas coisas que eu não sei. O mar é uma prisão transparente e gelada. No mar não há Primavera nem Outono. No mar o tempo não morre. As anémonas estão sempre em flor e a espuma é sempre branca. Leva-me a ver a terra.
- Tenho uma ideia - disse o rapaz. - Amanhã trago um balde e encho-o com água do mar e algas. E tu pões-te dentro do balde para não secares e eu levo-te comigo a ver a terra.
- Está bem - disse a Menina. - Amanhã vou contigo dentro do balde de água. E vou ver a tua casa e vou ver o teu jardim e vou ver passar os comboios: e vou ver a noite numa cidade cheia de luzes, de gente e de carros. E vou ver os animais da terra, os cães, os cavalos, os gatos: e vou ver as montanhas, as florestas e todas as coisas que me contaste.
E assim o rapaz e a Menina do Mar passaram o resto da manhã a fazer planos para a aventura do dia seguinte. Até que a maré subiu e o rapaz foi-se embora.
No outro dia o rapaz veio para as rochas com o balde. Vinha muito alegre, entusiasmado com o seu projecto, cantando e dando saltos. Mas quando chegou à poça de água encontrou a Menina do Mar com um ar muito desesperado e o polvo, o caranguejo e o peixe todos três com cara de caso.
- Bom-dia - disse o rapaz. Trago aqui o balde. Vamos embora depressa.
- Eu não posso ir - disse a Menina do Mar. E desatou a chorar como uma fonte.
- Mas porquê? - perguntou o rapaz.
- Por causa dos búzios. Os búzios têm muito bom ouvido, ouvem tudo, são os ouvidos do mar. E ouviram as nossas conversas e foram contá-las à Raia que ficou furiosa e agora eu já não posso ir contigo.
- Mas a Raia não está aqui. Mete-te dentro do balde e vamos embora depressa.
- É impossível - disse a Menina do Mar. A Raia ordenou aos polvos que não me deixassem passar. As rochas estão cheias de polvos escondidos que nós não vemos, mas que nos vêem e espiam cada um dos nossos gestos. Tenho que te dizer adeus para sempre. Amanhã já não volto aqui porque a Raia, para me castigar de eu ter querido fugir, decidiu que esta noite ao nascer da Lua eu serei levada pelos polvos, para uma praia distante, que eu não sei como se chama, nem onde fica. E nunca mais nos poderemos encontrar.
- Vamos experimentar fugir - disse o rapaz. Eu com as minhas duas pernas corro mais do que os polvos com os seus oito braços, que nem são braços nem são pernas.
E, tendo dito isto, pôs a Menina do Mar dentro do balde e pôs-se a correr. Mas, no mesmo instante, as rochas cobriram-se de polvos. Para qualquer lado que ele olhasse só via polvos. Procurou uma aberta por onde passar mas não havia nenhuma. Em sua roda os polvos tinham feito um círculo fechado. E ele estava no meio do círculo e não podia fugir. Então tentou saltar por cima dos polvos, mas logo dezenas de tentáculos lhe ataram as pernas.
- Larga-me, larga-me - dizia a Menina do Mar. Larga-me senão matam-te.
- Não, não te largo - respondeu o rapaz.
Mas já os polvos lhe envolviam a cintura e o peito, lhe prendiam os ombros, lhe atavam os pulsos e ele caiu nas rochas sem poder fazer nenhum gesto. Mas a sua mão ainda não tinha largado o balde. Até que um polvo se enrolou à roda do seu pescoço e o foi apertando lentamente. Então o rapaz viu o céu ficar preto, deixou de ouvir o barulho das ondas e esqueceu-se de tudo. Estava desmaiado. Acordou com a água a bater-lhe na cara. A maré tinha subido e as ondas já quase cobriam a rocha onde ele estava caído. Levantou-se e todo o seu corpo ainda lhe doía, coberto de marcas deixadas pelas ventosas dos polvos. Foi para casa devagar.
Passaram dias e dias. O rapaz voltou muitas vezes às rochas mas nunca mais viu a Menina nem os seus três amigos. Era como se tudo tivesse sido um sonho.
Até que chegou o Inverno. O tempo estava frio, o mar cinzento e chovia quase todos os dias. E numa manhã de nevoeiro o rapaz sentou-se na praia a pensar na Menina do Mar.E enquanto assim estava viu uma gaivota que vinha do mar alto com uma coisa no bico. Era uma coisa brilhante que reflectia luz e o rapaz pensou que devia ser um peixe. Mas a gaivota chegou junto dele, deu urna volta no ar e deixou cair a coisa na areia.
O rapaz apanhou-a e viu que era um frasco cheio duma água muito clara e luminoso.
- Bom-dia, bom-dia - disse a gaivota.
- Bom-dia, bom-dia - respondeu o rapaz.
Donde é que vens e porque é que me dás este frasco?
- Venho da parte da Menina do Mar - disse a gaivota. Ela manda-te dizer que já sabe o que é a saudade. E pediu-me para te perguntar se queres ir ter com ela ao fundo do mar.
- Quero, quero - disse o rapaz. Mas como é que eu hei-de ir ao fundo do mar sem me afogar?
- O frasco que te dei tem dentro suco de anémonas e suco de plantas mágicas. Se beberes agora este filtro passarás a ser como a Menina do Mar. Poderás viver dentro da água como os peixes e fora da água como os homens.
- Vou beber já - disse o rapaz.
E bebeu o filtro.
Então viu tudo à sua roda tornar-se mais vivo e mais brilhante. Sentiu-se alegre, feliz, contente como um peixe. Era como se alguma coisa nos seus movimentos tivesse ficado mais livre, mais forte, mais fresca e mais leve.
- Ali no mar - disse a gaivota - está um golfinho à tua espera para te ensinar o caminho.
O rapaz olhou e viu um grande golfinho preto e brilhante dando saltos atrás da arrebentação das ondas. Então disse:
- Adeus, adeus, gaivota. Obrigado, obrigado.
E correu para as ondas e nadou até ao golfinho.
- Agarra-te à minha cauda - disse o golfinho.
E foram os dois pelo mar fora.
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Nadaram muitos dias e muitas noites através de calmarias e tempestades.
Atravessaram o mar dos Sargaços e viram os peixes voadores. E viram as grandes baleias que atiram repuxos de água para o céu e viram os grandes vapores que deixam atrás de si colunas de fumo suspensas no ar. E viram os icebergues majestosos e brancos na solidão do oceano. E nadaram ao lado dos veleiros que corriam velozes esticados no vento. E os marinheiros gritavam de espanto quando viam um rapaz agarrado à cauda dum golfinho. Mas eles mergulhavam e desciam ao fundo do mar para não serem pescados.
Aí estavam os antigos navios naufragados com os seus cofres carregados de oiro e os seus mastros quebrados cobertos de anémonas e conchas.
Depois de nadarem sessenta dias e sessenta noites chegaram a uma ilha rodeada de corais. O golfinho deu a volta à ilha e por fim parou em frente duma gruta e disse:
- É aqui: entra na gruta e encontrarás a Menina do Mar.
- Adeus, adeus, golfinho. Obrigado, obrigado.
A gruta era toda de coral e o seu chão era de areia branca e fina. Tinha em frente um jardim de anémonas azuis.
O rapaz entrou na gruta e espreitou. A Menina, o polvo, o caranguejo e o peixe estavam a brincar com conchinhas. Estavam quietos, tristes e calados. De vez em quando a Menina suspirava.
- Estou aqui! Cheguei! sou eu! - gritou o rapaz.
Todos se voltaram para ele. Houve um momento de grande confusão. Todos se abraçaram, todos riam, todos gritavam. A Menina do Mar dançava, batia palmas e ria com gargalhadas claras como a água. O polvo fazia o pino. O caranguejo dava cambalhotas e o peixe dava saltos mortais. Depois de todas estas habilidades ficaram um pouco mais calmos.
Então a Menina do Mar sentou-se no ombro do rapaz e disse:
- Estou tão feliz, tão feliz, tão feliz! Pensei que nunca mais te ia ver. Sem ti o mar, apesar de todas as suas anémonas, parecia triste e vazio. E eu passava os dias inteiros a suspirar. E não sabia o que havia de fazer. Até que um dia o Rei do Mar deu uma grande festa. Convidou muitas baleias, muitos tubarões e muitos peixes importantes. E mandou-me ir ao palácio para eu dançar na festa. No fim do banquete chegou a altura da minha dança e eu entrei na gruta onde o Rei do Mar estava com os seus convidados, sentado no seu trono de nácar, rodeado de cavalos-marinhos. Então os búzios começaram a cantar uma cantiga antiquíssima que foi inventada no principio do Mundo. Mas eu estava muito triste e por isso dancei muito mal.
- Porque é que estás a dançar tão mal? - perguntou o Rei do Mar.
- Porque estou cheia de saudades -- respondi eu.
- Saudades? - disse o Rei do Mar. Que história é essa?
E perguntou ao polvo, ao caranguejo e ao peixe o que tinha acontecido. Eles contaram-lhe tudo. Então o Rei do Mar teve pena da minha tristeza e teve pena de ver uma bailarina que já não sabia dançar. E disse:
- Amanhã de manhã vem ao meu palácio.
No dia seguinte de manhã eu voltei ao palácio. E o Rei do Mar sentou-me no seu ombro e subiu comigo à tona das águas. Chamou uma gaivota, deu-lhe o frasco com o filtro das anémonas e mandou-a ir à tua procura. E foi assim que eu consegui que tu voltasses.
- Agora nunca mais nos separamos - disse o rapaz.
- Agora vais ser forte como um polvo.
- Agora vais ser sábio como um caranguejo - disse o caranguejo.
- Agora vais ser feliz como um peixe - disse o peixe.
- Agora a tua terra é o Mar - disse a Menina do Mar.
E foram os cinco através de florestas, areais e grutas.
No dia seguinte houve outra festa no Palácio do Rei. A Menina do Mar dançou toda a noite e as baleias, os tubarões as tartarugas e todos os peixes diziam:
- Nunca vimos dançar tão bem.
E o Rei do Mar estava sentado no seu trono de nácar, rodeado de cavalos- marinhos, e o seu manto de púrpura nas águas.

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terça-feira, 27 de maio de 2008

A Fada das Algas recebeu um prémio Mágico

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5 Estrelas no Concurso Maravilhas Virtuais
O que se pode crer mais?
Obrigado amiga Mary
Beijinhos
Manuela

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Lenda Árabe





"Diz uma lenda árabe que dois amigos viajavam pelo deserto e,em um determinado ponto da viagem, discutiram e um deu uma bofetada no outro. O outro, ofendido, sem nada poder fazer, escreveu na areia:
HOJE MEU MELHOR AMIGO ME DEU UMA BOFETADA NO ROSTO.
Seguiram adiante e chegaram a um oásis onde resolveram banhar-se.O que havia sido esbofeteado e magoado começou a afogar-se, sendo salvo pelo amigo. Ao recuperar-se, pegou um canivete e escreveu em uma pedra:
HOJE MEU MELHOR AMIGO SALVOU MINHA VIDA.
Intrigado, o amigo perguntou:
POR QUE, DEPOIS QUE TE MAGOEI, ESCREVESTE NA AREIA E AGORA,ESCREVES NA PEDRA?
Sorrindo, o outro amigo respondeu:
QUANDO UM GRANDE AMIGO NOS OFENDE, DEVEMOS ESCREVER ONDE O VENTO DO ESQUECIMENTO E O PERDÃO SE ENCARREGUEMDE BORRAR E APAGAR A LEMBRANÇA. POR OUTRO LADO,QUANDO NOS ACONTECE ALGO DE GRANDIOSO, DEVEMOS GRAVARISSO NA PEDRA DA MEMÓRIA E DO CORAÇÃO ONDE VENTONENHUM EM TODO O MUNDO PODERÁ SEQUER BORRÁ-LO."



quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Fada das Algas está em Festa

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Mais um Prémio recebido com muita distinção pela minha querida amiga Mary.
Prémio Ouro em Participação no Concurso de Maravilhas Virtuais.
Obrigado mais uma vez Mary.



Manuela


©2007 '' Por Elke di Barros